quarta-feira, 30 de junho de 2010

The Planning Stage




[Fonte: Lolcats 'n' Funny Pictures of Cats - I Can Has Cheezburger?
Disponível em: http://icanhascheezburger.com/2010/06/30/funny-pictures-teh-planning-stage/ ]
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terça-feira, 29 de junho de 2010

Raios

Raios atingem três dos prédios mais altos de Chicago ao mesmo tempo:

Lightning strikes three of the tallest buildings in Chicago at the same time! from Craig Shimala on Vimeo.



[Fonte: Gizmodo Brasil. Disponível em: http://www.gizmodo.com.br/conteudo/veja-deus-brincando-com-os-ceus-de-chicago-em-camera-lenta]
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domingo, 27 de junho de 2010

Coisas da vida...

Pois é...
Depois de quase 2 anos de blog, só agora a música que emprestou seu nome para o título dele vai aparecer por aqui...
É que a estrada está acabando...
Mas logo depois dela, já enxergo a avenida.
:)


Coisas da Vida
By Rita Lee.



Quando a lua apareceu
Ninguém sonhava mais do que eu
Já era tarde
Mas a noite é uma criança distraída
Depois que eu envelhecer
Ninguém precisa mais me dizer
Como é estranho ser humano
Nessas horas de partida

É o fim da picada
Depois da estrada começa
Uma grande avenida...
No fim da avenida
Existe uma chance, uma sorte
Uma nova saída

Qual é a moral?
Qual vai ser o final
Dessa história?
Eu não tenho nada pra dizer
Por isso eu digo
Eu não tenho muito o que perder
Por isso jogo
Eu não tenho hora pra morrer
Por isso sonho...

São coisas da vida
E a gente se olha, e não sabe
Se vai ou se fica...
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segunda-feira, 21 de junho de 2010

E não vou sozinha...




(Da esquerda para a direita: Omar, Rachel, Nicole e Marisangela.)


"A glória da amizade não é a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, nem mesmo a delícia da companhia. É a inspiração espiritual que vem quando você descobre que alguém acredita e confia em você."

[Ralph Waldo Emerson]

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Subindo a minha montanha, devo registrar que não vou sozinha.
Na minha empreitada de me tornar Psicóloga, trago comigo pessoas que me dão a satisfação de ter sua amizade, sua companhia, seu apoio e sua orientação.
Sem dúvida, saber que vocês acreditam em mim, me dá forças pra encarar as dificuldades dessa jornada que é a minha formação.
Mas quero que saibam que vocês não só contribuem para a minha formação acadêmica, mas também para a construção da minha identidade como um todo...
Pois, como já disse algumas vezes para a Mari, admiro pessoas que vivem a vida sem nunca perder o afeto...
Sempre levarei vocês comigo, e a nossa esperança de, juntos (talvez nem sempre perto), contribuirmos para a construção de um mundo melhor.

Omar, Rachel e Mari,
O meu obrigada por tudo!

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sábado, 19 de junho de 2010

A menina que não consegue envelhecer

Esse texto foi retirado do Blog Brasil Acadêmico.
Link para a postagem original, do dia 15 de maio de 2010:
http://blog.brasilacademico.com/2010/05/menina-que-nao-consegue-envelhecer.html

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A menina que não consegue envelhecer

Conheça Brooke Greenberg, a menina (menina?) de 17 anos que conseguiu o sonho de muitas mulheres e homens: Ela parou de envelhecer.



Brooke Greenberg (à esquerda) e sua irmã mais nova Carly


No ano que vem ela deveria atingir a maioridade e teria direito a votar.
Mas Brooke não poderá, ela é incapaz por ter uma mente de um bêbe de um ano de idade. Sua altura também evoluiu pouco, ela possui apenas cerca de 72 centímetros.
Seu caso é tão atípico que os médicos, inicialmente confusos, apelidaram sua condição de síndrome X.

Agora, entretanto, estudos iniciais de seu DNA indicaram que a sua incapacidade de se desenvolver podem estar ligada a defeitos nos genes responsáveis pelo processo de envelhecimento do resto da humanidade.



Em 2005, aos 12 anos de idade


Assim, através de uma análise comparativa de seus genes com os genes normais, os cietistas esperam adquirir uma nova visão do processo de envelhecimento e até mesmo desenvolver novos tratamentos para doenças relacionadas à velhice.

A pequena Brooke foi a principal "atração" de conferência realizada na primeira quinzena de maio em Londres, que reuniu alguns dos principais pesquisadores sobre o envelhecimento do mundo, que discutiria algumas das descobertas do caso dela.

Nós pensamos que é condição Brooke apresenta-nos uma oportunidade única para entender o processo de envelhecimento. Nós pensamos que ela tem uma mutação nos genes que controlam o seu envelhecimento e desenvolvimento, de modo que ela parece ter sido congelada no tempo. Se nós pudermos comparar o seu genoma com a versão normal, então poderemos ser capazes de encontrar os genes e ver exatamente o que fazer e como controlá-los.
Richard Walker. Professor da University of South Florida School of Medicine e líder do estudo

Brooke nasceu em Reistertown perto de Baltimore, EUA, e inicialmente parecia ser um bebê saudável e normal. Todavia, antes dos dois anos de idade, ela sofreu uma série de inexplicáveis situações de emergência médica e logo ficou claro para os pais, Melanie e Howard, que ela não estava se desenvolvendo normalmente.



Em 2010, aos 16 anos de idade


Os médicos foram incapazes de fornecer uma explicação médica para o seu estado, mas acreditam que várias partes do corpo estão fora de sincronia e assim não estão se desenvolvendo de maneira coordenada.

Brooke é capaz de fazer reconhecer gestos e sons, mas ela não pode falar. Seus ossos são como os de uma criança de dez anos, mas ela ainda tem seus dentes de bebê.

Nossa hipótese é que ela está sofrendo de dano no gene ou genes que coordenam a forma como o corpo se desenvolve e envelhece. Se nós pudermos usar seu DNA para descobrir aquele gene mutante, então podemos testá-lo em animais de laboratório para ver se podemos desligá-los e desacelerar o processo de envelhecimento à vontade. Isso possivelmente poderia nos dar uma oportunidade para responder à pergunta do porquê somos mortais.
Professor Richard Walker

O pai de Brooke disse que queria a realização da investigação do genoma na esperança que pudesse ajudar os outros.

Brooke é apenas uma criança maravilhosa. Ela é muito pura. Ela ainda balbucia como um bebê de 6 meses de idade mas ela ainda se comunica e nós sempre sabemos exatamente o que ela quer dizer.
Howard. Pai de Brooke

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Wavin' Flag - Skank e K'naan - Copa do Mundo 2010

É até engraçado,
Nem gosto tanto de futebol, e também não sou muito a favor de versões brasileiras das músicas...
Mas tem alguma coisa nessa música que simplesmente me emociona.
Dá até vontade de assitir os jogos...
=P



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E pra relembrar, aqui vai a postagem onde falei da versão original da música utilizada como base para o tema oficial da copa:
vale a pensa dar uma olhada.

http://coisasdavidabynick.blogspot.com/2010/02/waving-flag.html

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Será?

Logo depois da minha postagem sobre a campanha "Ficha Limpa", descobri que ela já havia atingido o número de assinaturas necessárias (1 milhão e 300 mil assinaturas - correspondente a 1% do eleitorado brasileiro) para ser entregue à Câmara de Deputados.

Hoje, encontrei essa notícia que diz que a lei decorrente dessa campanha foi aprovada pelo TSE, e já estaria resultando no impedimento do registro de candidatura de alguns políticos...
Talvez essa iniciativa acabe conseguindo mudar alguma coisa afinal...

Será?

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Ficha Limpa vai tirar o sono de políticos que davam candidatura como certa

Diego Abreu -

Publicação: 19/06/2010 09:30

Brasília – A resposta dada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a aplicabilidade da lei do Ficha Limpa nestas eleições tirou o sono de vários políticos no país que davam como certas as candidaturas para o pleito de outubro. A preocupação bateu às portas principalmente daqueles que foram cassados pela Justiça Eleitoral e dos que renunciaram aos mandatos para escapar da cassação, como é o caso de quatro envolvidos no escândalo do mensalão.

Os condenados por decisão colegiada, antes de a lei ser publicada, em 7 de junho, ou depois dessa data, também estarão inelegíveis, conforme interpretação firmada pelo TSE na quinta-feira.

O entendimento da Corte diz que o Ficha Limpa será aplicado de acordo com a situação do político no dia do pedido de registro da candidatura. Ou seja, se houver implicações que desrespeitem a lei, a orientação é que os juizes eleitorais não registrem o candidato.

A definição do TSE, em tese, pode frustrar os planos políticos de pelo menos três deputados federais, seis ex-deputados, três ex-governadores (cassados pelo TSE) e três ex-senadores, incluindo Joaquim Roriz (PSC-DF), governador do DF por quatro vezes, que renunciou ao mandato de senador em 2007 sob ameaça de cassação (veja quadro).

A possibilidade de os registros de candidatura serem negados, porém, caberá aos juizes eleitorais no momento em que analisarem os casos concretos, pois a resposta formulada pelo TSE a uma consulta do deputado Ilderlei Cordeiro (PPS-AC) tratava de hipóteses, e não de situações específicas. Os registros serão aceitos pela Justiça Eleitoral até 5 de julho.

Requisito Para o relator da consulta, ministro Arnaldo Versiani, a inelegibilidade não é uma pena, mas um critério que impede a candidatura em algumas ocasiões. Segundo ele, a lei não está retroagindo, pois só será aplicada a partir dos registros de candidaturas. O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, por sua vez, discorda. "Nenhum país retroage para retirar direito. É uma lástima ver que o tribunal, há poucos meses das eleições, muda a regra do jogo. Isso é rasgar a Constituição", criticou. "Confio que o Supremo mude essa interpretação", completou.

Já o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), relator do projeto Ficha Limpa no Senado, comemorou a decisão do TSE. "A lei foi feita para ser aplicada. Não é punição, é um critério para aqueles já condenados e para os que foram cassados na Justiça Eleitoral ou renunciaram para evitar a perda do mandato", destacou.

Quem pode ser atingido

Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
O ex-governador da Paraíba foi cassado no início de 2009 por abuso de poder econômico e político.

Marcelo Miranda (PMDB-TO)
Em 2009, o ex-governador do Tocantins foi cassado por abuso de poder político.

Jackson Lago (PDT-MA)
O ex-governador do Maranhão teve o mandato cassado em 2009 por abuso de poder econômico.

Expedito Júnior (PSDB-RO)
O ex-senador foi cassado ano passado por compra de votos.

Joaquim Roriz (PSC-DF)
Governador do DF por quatro vezes, renunciou ao mandato de senador em 2007. Ele corria risco de ser cassado.

Paulo Maluf (PP-SP)
O deputado foi condenado em abril de 2010 pela Justiça de São Paulo por improbidade administrativa.

Valdemar Costa Neto (PR-SP)
Citado no escândalo do mensalão, renunciou ao mandato de deputado federal em 2005 para evitar a cassação.

Paulo Rocha (PT-PA)
O deputado federal foi citado no mensalão e renunciou em 2005 para escapar da cassação.

José Borba (PP-PR)
Atual prefeito de Jandaia do Sul, no Paraná, renunciou em 2005 ao mandato de deputado federal para evitar a cassação.

Bispo Rodrigues
O deputado Carlos Rodrigues saiu da vida
política depois que renunciou ao mandato de deputado federal em 2005, por suposto envolvimento com o mensalão.

Severino Cavalcanti (PP-PE)
Então presidente da Câmara, renunciou ao mandato de deputado em setembro de 2005 para evitar a cassação, depois que foi acusado de pagar propina para o dono de um restaurante da Casa.

Coriolano Sales
Suspeito de envolvimento com o escândalo das Sanguessugas, renunciou em 2006 ao mandato de deputado federal.

Marcelino Fraga (PMDB-ES)
Citado no relatório da CPI dos Sanguessugas, o então deputado federal renunciou ao mandato para escapar de uma provável cassação.

Pinheiro Landim (CE)
Então deputado federal pelo PMDB cearense, Landim renunciou ao mandato em 2003 para escapar de uma possível cassação por suposto envolvimento com um esquema de tráfico de influência junto ao Poder Judiciário.

[Disponível em:
http://www.uai.com.br/htmls/app/noticia173/2010/06/19/
noticia_politica,i=164941/FICHA+LIMPA+VAI+TIRAR+O+SONO+
DE+POLITICOS+QUE+DAVAM+CANDIDATURA+COMO+CERTA.shtml
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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Crescimento do número de doutores no Brasil

Notícia retirada do site "Emsergipe.com":
(links de referência ao fim do texto)



Crescimento do número de doutores no Brasil

Estudo aponta crescimento do número de doutores no Brasil Ascom Capes
Entre 1996 e 2008, houve um crescimento de 278% no número de doutores titulados no Brasil, o que corresponde a uma taxa média de 11,9% de crescimento ao ano. Esta é uma das conclusões do estudo do Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), transformado na publicação Doutores 2010: estudos da demografia da base técnico-científica brasileira.

Apresentado na última quinta-feira, 10, na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pelos consultores Eduardo Baumgratz Viotti (Universidade de Brasília) e Rosana Boeninger (Universidade de Campinas), do CGEE, o estudo foi realizado com cruzamentos de dados da Capes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e dos ministérios da Ciência e Tecnologia, do Trabalho e Emprego e da Previdência Social.

Para Viotti, apesar dos avanços e do crescimento do número de doutores titulados para o desenvolvimento do país, o estudo mostra claramente a necessidade de mais investimento em políticas públicas para expandir e melhorar a qualidade de doutores brasileiros. “O número de doutores no Brasil ainda é muito pequeno em relação a países mais desenvolvidos, com tradição em pesquisa”, disse Viotti. “Em 2008, no Brasil, o número de doutores titulados foi de aproximadamente 11 mil doutores. Nos EUA, foram 48 mil titulados.”

O estudo revela ainda taxas significativas de crescimento em todas as grandes áreas do conhecimento. Entre as que mais cresceram, destacam-se as ciências sociais aplicadas e as ciências humanas, que apresentaram crescimento de respectivamente 14,8% e 13,6% em média ao ano. Entre as que cresceram abaixo da média, 11,9%, estão as áreas de ciências exatas e da terra.

Multidisciplinar

Segundo os consultores, o grande destaque do estudo foi o desempenho da área multidisciplinar, que, apesar de em 1996 não existir, teve um crescimento médio de titulados de 59,8%. Em 2008, 415 doutores foram titulados na área, representando 3,9% do total de titulados no ano.

Emprego

Além do aumento no número de titulados, o estudo apresenta a área da educação como a que mais emprega doutores no Brasil. De cada dez doutores, oito trabalham em educação. Porém, o estudo indica uma crescente desconcentração para outros setores. “A concentração do emprego de doutores na educação está diminuindo e o que está em curso é um processo de dispersão do emprego para praticamente todos os demais setores”, disse Viotti.

Gênero

Outro dado apresentado pelos consultores foi o aumento do número de mulheres tituladas. A partir de 2004, as mulheres deixaram de ser minoria entre os doutores.

Dos 8.093 titulados doutores em 2004, 4.085 eram mulheres. A partir dos anos seguintes, o número de mulheres tituladas tem sido superior ao de homens. “O Brasil é pioneiro entre aqueles que conseguiram alcançar esse marco histórico de igualdade de gênero no nível mais elevado de formação educacional”, afirmou.

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Fonte: Emsergipe.com
Disponível em: http://emsergipe.globo.com/noticias/?act=visualizar&id=119919

Esta notícia também saiu no site de notícias "O Globo"
Disponível em: http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2010/06/17/numero-de-doutores-no-brasil-mais-que-triplicou-entre-1996-2008-916907040.asp

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2 comentários:

Primeiro, é interessante verificar mais uma vez, com um estudo atual, essa diferença entre as áreas.
E a comparação em relação ao gênero também é bem interessante.

Segundo:
números, números, números...
vi ali pelo meio algum indício de preocupação com a qualidade da formação desses doutores...
que bom.
espero que realmente se preocupem não só em aumentar o número, mas também a qualidade de suas formações...
pois já basta quererem que esses doutores produzam feito máquinas...
mais números.
que se preocupem com 'o que' eles estão produzindo, e não só 'o quanto'...

(e aqui vai um link para uma postagem de uma professora minha, sobre esse assunto das publicações entre os professores nas universidades: http://psicologiaufsm.blogspot.com/2010/03/sera-que-o-pessoal-da-capes-le.html)
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"Newton, Einstein e Deus" - E Espinosa.

Retirei esse texto do blog do Observatório Nacional, mas ele foi publicado originalmente na Folha de São Paulo, no dia 13 de junho de 2010.

Achei interessante, e resolvi postar aqui, já que andamos falando sobre as ciências exatas e as ciências humanas....

E também fica em homenagem ao meu namorado, que é um físico de coração, e que vai ser um meteorologista de formação daqui a alguns dias...
A ele que tem essa admiração pela natureza de que fala Espinosa.

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Newton, Einstein e Deus


MARCELO GLEISER
Folha de São Paulo - 13 de junho de 2010
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Os dois gigantes da física tinham uma relação íntima com certa versão do que se costuma chamar de Deus.

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TALVEZ ISSO SURPREENDA muita gente, mas tanto Newton quanto Einstein, sem dúvida dois dos grandes gigantes da física, tinham uma relação bastante íntima com Deus.
É bem verdade que o que ambos chamavam de "Deus" não era compatível com a versão mais popular do Deus judaico-cristão.
Numa época em que existe tanta disputa sobre a compatibilidade da ciência com a religião, talvez seja uma boa ideia revisitar o pensamento desses dois grandes sábios.
No epílogo da edição de 1713 de sua obra prima "Princípios Matemáticos da Filosofia Natural" (1686), Newton escreve que o seu Deus (cristão, claro) era o senhor do Cosmo e que deveria ser adorado por estar em toda a parte, por ser o "Governante Universal". Essa visão de Deus pode ser considerada panteísta, se entendermos por panteísmo a doutrina que identifica Deus com o Universo ou que identifica o Universo como sendo uma manifestação de Deus.
A visão que Einstein tinha de Deus, devidamente destituída da conotação cristã, ecoava de certa forma a de Newton. Einstein desprezava tudo o que dizia respeito à religião organizada, em particular a sua rígida hierarquia e ortodoxia.
Para ele, um Deus que se preocupava com o destino individual dos homens não fazia sentido. Sua visão era bem mais abstrata, baseada nos ensinamentos do filósofo Baruch Spinoza, que viveu no século 17.
Numa carta dirigida a Eduard Büsching, de 25 de outubro de 1929, Einstein diz: "Nós, que seguimos Spinoza, vemos a manifestação de Deus na maravilhosa ordem de tudo o que existe e na sua alma, que se revela nos homens e animais".
Em 1947, numa outra carta, Einstein escreveu: "Minha visão se aproxima da de Spinoza: admiração pela beleza do mundo e pela simplicidade lógica de sua ordem e harmonia, que podemos compreender".

Como essas posições podem ser usadas no debate sobre a compatibilidade da ciência com a religião?

De um lado, ateus radicais como Richard Dawkins, Christopher Hitchens e Sam Harris argumentam que não pode haver uma compatibilidade, que a religião é uma ilusão que precisa ser erradicada, que o sobrenatural é uma falácia.
De outro, existem vários cientistas que são pessoas religiosas e até mesmo ortodoxas, e que não veem qualquer problema em compatibilizar seu trabalho com a sua fé. O fato de existirem posições tão antagônicas reflete, antes de mais nada, a riqueza do pensamento humano. Nisso, vejo um ponto de partida para uma possível conciliação.
É verdade que o ateísmo radical está respondendo a grupos fundamentalistas que tentam evangelizar instituições públicas. "Guerra é guerra e devemos usar as mesmas armas", ouvi de amigos. Mas o pior que um fundamentalista pode fazer é transformar você nele.
Einstein e Newton encontraram Deus na Natureza e viam a ciência como uma ponte entre a mente humana e a mente divina.
Para eles, adorar a Natureza, estudá-la cientificamente, era uma atitude religiosa. Acho difícil ir contra essa posição, seja você ateu ou religioso. Religiões nascem, morrem e se transformam com o passar do tempo. Mas, enquanto existirmos como espécie, nossa íntima relação com o Cosmo permanecerá.

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MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "Criação Imperfeita"

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Disponível em:
http://resenha-on.blogspot.com/2010/06/newton-einstein-e-deus.html
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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Vocação e mercado de trabalho






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Os adolescentes que merecemos

CONTARDO CALLIGARIS

Os adolescentes que merecemos

Você prefere sua filha errando de balada em balada ou velejando sozinha ao redor da Terra?


ABBY SUNDERLAND nasceu na Califórnia, em outubro 1993. A família vivia num barco, ao longo da costa do Pacífico.
O irmão mais velho de Abby, Zac, aos 17 anos, tornou-se o mais jovem velejador a circum-navegar a Terra sozinho. O recorde de Zac não resistiu muito tempo: logo, Michael Perham, um adolescente inglês um ano mais jovem que Zac, completou sua volta solitária ao mundo. Note-se que Perham, aos 14 anos, já tinha atravessado o Atlântico sozinho.

Abby também, desde seus 13 anos, sonhava em circum-navegar a Terra. No começo deste ano, aos 16, sozinha, ela largou as amarras de seu veleiro de 12 metros e desceu o Pacífico Sul. Passou o Cabo Horn, atravessou o Atlântico e passou o Cabo de Boa Esperança, lançando-se no Oceano Índico. Entre a África e a Austrália, Abby encontrou uma tempestade à qual o mastro de seu barco não resistiu. No sábado passado, depois de dois dias à deriva num mar infernal, ela foi resgatada.

Pela internet afora e na imprensa dos EUA, os pais de Abby estão sendo criticados por um coro indignado: como vocês puderam deixar uma menina de 16 anos errar sozinha pelo mar e pelos portos? Fora tsunamis e tempestades, o que dizer dos meses insones espreitando o mar e o vento a cada meia hora, da solidão, do trabalho incessante, do frio, do desconforto de uma navegação solitária ao redor do mundo? E os piratas ao sul da Malásia? Por qual permissividade maluca vocês aceitaram que Abby se lançasse numa aventura que seria arriscada para gente grande?

Já a bordo do barco que a resgatou, Abby escreveu no seu blog: "Há uma quantidade de coisas que as pessoas podem estar a fim de culpar pela minha situação: minha idade, a época do ano e muito mais. A verdade é que passei por uma tempestade, e você não navega pelo Oceano Índico sem entrar em, no mínimo, uma tempestade. Não foi a época do ano, foi apenas uma tempestade do Oceano Sul. As tempestades fazem parte do pacote quando você veleja ao redor do mundo. No que concerne à idade, desde quando a mocidade do velejador cria ondas gigantescas?".

Se você duvida que Abby tivesse a maturidade necessária para sua empreitada, leia o diário da viagem (www.soloround.blogspot.com) -sobretudo as notas de Abby durante a interminável navegação no Atlântico Sul.

Os que censuram os pais de Abby afirmam que nunca autorizariam seus rebentos a velejar sozinhos ao redor do mundo porque, aos tais rebentos, falta seriedade e falta experiência. Eles devem ter razão -afinal, eles conhecem seus filhos. Mas cabe perguntar: essa falta de seriedade e experiência é efeito de quê? Da simples juventude? Duvido: La Pérouse, o navegador francês, aos 17 anos, em 1758, já estava combatendo os ingleses ao largo de Terra Nova. Então, efeito de quê?

Pois é, provavelmente, os mesmos pais que se indignam com a "irresponsabilidade" dos genitores de Abby permitem a seus filhos, mais jovens que Abby, de sair em baladas nas quais os únicos adultos são os que vendem drogas e bebidas.

Será que a volta para casa de madrugada, num carro dirigido por amigos exaustos, exaltados ou sonolentos, é menos perigosa do que a circum-navegação do mundo num veleiro pilotado por Abby, animada há anos por um desejo intenso e focado? E, de qualquer forma, qual das duas experiências você prefere para seus filhos?
O fato é que muitos pais preferem que os filhos errem como baratas tontas, de festinha em festinha. Por quê? Simples: assim, os filhos ficam infinitamente mais dependentes.

E os pais modernos, em regra, querem os filhos por perto; eles adoram que os filhos demonstrem que eles não são suficientemente maduros para sair pelo mundo e para correr os riscos que o desejo acarreta.

Não deveríamos nos perguntar qual é a loucura dos pais que empurraram Zac, Abby e Michael mar adentro, mas qual é a loucura dos pais que preferem largar seus filhos nas noites, em que vodca, cerveja, maconha, ecstasy e papo furado servem para convencer os próprios adolescentes de que ainda não começaram a viver e, portanto, vão precisar dos adultos por muito tempo.

Comentando a aventura de Abby, um pai me disse: "Nunca deixaria minha filha navegar sozinha, eu não quero perdê-la". Pois é, "não quero perdê-la" em que sentido?

ccalligari@uol.com.br

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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Um documentarista se dirige a cientistas

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antes de qualquer coisa, aqui vai o link para a postagem original de onde retirei o texto a seguir:
http://www.google.com/buzz/111317415064980211526/Bk3RQMAt81U/A-Assun%C3%A7%C3%A3o-mandou-um-e-mail-aqui-pro-pessoal
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O texto é longo, mas vale a pena ler...
Após o fim dele, tem um comentário meu.




"Publicado na Folha de São Paulo, dia 6 de junho de 2010
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Um documentarista se dirige a cientistas

Arte, ciência e desenvolvimento

RESUMO Neste ensaio, derivado de uma participação do documentarista João
Moreira Salles em simpósio da Academia Brasileira de Ciências,
discute-se a hipervalorização das artes e humanidades em detrimento das
ciências “duras” e da engenharia, e as consequên- cias do processo para
o desenvolvimento tecnológico, científico e cultural do país.

JOÃO MOREIRA SALLES

Agradeço ao professor Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de
Ciências, o convite que me fez para falar a uma plateia de colegas seus,
na crença de que eu pudesse servir de porta-voz das humanidades num
encontro de cientistas. Peço desculpas por desapontá-lo.
Sou ligado ao cinema documental e, mais recentemente, ao jornalismo,
atividades que, se não são propriamente artísticas, decerto existem na
fronteira da criação. Jornalismo não é literatura nem documentário é
cinema de ficção. Nosso capital simbólico é muito menor e nosso
horizonte de possibilidades é limitado pelos constrangimentos do mundo
concreto.

Não podemos voar tanto, e essa é a primeira razão pela qual, com
notáveis exceções, o que produzimos é efêmero, sem grande chance de
permanência. Não obstante, é fato que minhas afinidades pessoais e
profissionais estão muito mais próximas de um livro ou de um filme do
que de uma equação diferencial -o que não me impede de achar que há um
limite para a quantidade de escritores, cineastas e bacharéis em letras
que um país é capaz de sustentar.

Isso deve valer também para sociólogos, cientistas políticos e
economistas, mas deixo a suspeita por conta deles. Na minha área, creio
que já ultrapassamos o teto há muito tempo, e me pergunto de quem é a
responsabilidade. Em 1959, o físico e escritor inglês C.P. Snow deu uma
famosa palestra na Universidade de Cambridge sobre a relação entre as
ciências e as humanidades. Snow observou que a vida intelectual do
Ocidente havia se partido ao meio.

De um lado, o mundo dos cientistas; do outro, a comunidade dos homens de
letras, representada por indivíduos comumente chamados de intelectuais,
termo que, segundo Snow, fora sequestrado pelas humanidades e pelas
ciências sociais. As características de cada grupo seriam bem
peculiares. Enquanto artistas tenderiam ao pessimismo, cientistas seriam
otimistas.

Aos artistas, interessaria refletir sobre a precariedade da condição
humana e sobre o drama do indivíduo no mundo. O interesse dos
cientistas, por sua vez, seria decifrar os segredos do mundo natural e,
se possível, fazer as coisas funcionarem. Como frequentemente obtinham
sucesso, não viam nenhum despropósito na noção de progresso.

Estava estabelecida a ruptura: de um lado, o desconforto existencial,
agravado pela perspectiva da aniquilação nuclear; do outro, a
penicilina, o motor a combustão e o raio-X. Na qualidade de cientista e
homem de letras, Snow se movia pelos dois mundos, cumprindo um trajeto
que se tornava cada vez mais penoso e solitário.

“Eu sentia que transitava entre dois grupos que já não se comunicavam”,
escreveu. Certa vez, um amigo seu, cidadão emérito das humanidades, foi
convidado para um daqueles jantares solenes que as universidades
inglesas cultivam com tanto gosto. Sentando-se a uma mesa no Trinity
College -onde Newton viveu e onde descobriu as leis da mecânica
clássica- e feitas as apresentações formais, o amigo se virou para a
direita e tentou entabular conversa com o senhor ao lado.

Recebeu um grunhido como resposta. Sem deixar a peteca cair, virou-se
para o lado oposto e repetiu a tentativa com o professor à sua esquerda.
Foi acolhido com novos e eloquentes grunhidos.
Acostumado ao breviário mínimo da cortesia -segundo o qual não se ignora
solenemente um vizinho de mesa-, o amigo de Snow se desconcertou, sendo
então socorrido pelo decano da faculdade, que esclareceu: “Ah, aqueles
são os matemáticos.

Nós nunca conversamos com eles”. Snow concluiu que a falta de diálogo
fazia mais do que partir o mundo em dois. A especialização criava novos
subgrupos, gerando células cada vez menores que preferiam conversar
apenas entre si.

SÍNTESE E ORDEM Não sei se alguém já voltou a conversar com os
matemáticos. Torço para que sim, apesar das evidências em contrário.
Seria um desperdício, pois a matemática, para além dos seus usos, é
guiada por um componente estético, por um conceito de beleza e de
elegância que a maioria das pessoas desconhece.

O que move os grandes matemáticos e os grandes artistas, desconfio, é um
sentimento muito semelhante de síntese e ordem. Os dois grupos teriam
muito a dizer um ao outro, mas, até onde sei, quase não se falam. (No
passado, o poeta Paul Valéry deu conferências para matemáticos e o
matemático Henri Poincaré falou para poetas.)

Segundo Snow, com a notável exceção da música, não há muito espaço para
as artes na cultura científica: “Discos. Algumas fotografias coloridas.
O ouvido, às vezes o olho. Poucos livros, quase nenhuma poesia.” Talvez
seja exagero, não saberia dizer. Posso falar com mais propriedade sobre
a outra parcela do mundo, e concordo quando ele diz que, de maneira
geral, as humanidades se atêm a um conceito estreito de cultura, que não
inclui a ciência.
Os artistas e boa parte dos cientistas sociais são quase sempre cegos a
uma extensa gama do conhecimento. Numa passagem famosa de sua palestra,
Snow conta o seguinte: “Já me aconteceu muitas vezes de estar com
pessoas que, pelos padrões da cultura tradicional, são consideradas
altamente instruídas.

Essas pessoas muitas vezes têm prazer em expressar seu espanto diante da
ignorância dos cientistas. De vez em quando, resolvo provocar e pergunto
se alguma delas saberia dizer qual é a segunda lei da termodinâmica. A
resposta é sempre fria -e sempre negativa. No entanto, essa pergunta é
basicamente o equivalente científico de ‘Você já leu Shakespeare?’.

Hoje, acho que se eu propusesse uma questão ainda mais simples -por
exemplo: ‘Defina o que você quer dizer quando fala em ‘massa’ ou
‘aceleração”, o equivalente científico de ‘Você é alfabetizado?’-,
talvez apenas uma em cada dez pessoas altamente instruídas acharia que
estávamos falando a mesma língua”.

RESPONSABILIDADE Vivendo quase exclusivamente no hemisfério das
humanidades, recebo poucas notícias do lado de lá. O que eu teria a
dizer sobre ciência fica perto do zero. Por outro lado, como
especialista na minha própria ignorância, posso discorrer sobre ela sem
embaraços. Com as devidas ressalvas às exceções que devem existir por
aí, estendo minha ignorância a todo um grupo de pessoas e me pergunto de
quem seria a responsabilidade por sabermos tão pouco sobre as leis que
regem o que nos cerca.

As respostas são previsíveis. Em parte, a responsabilidade é dos
próprios cientistas, que não fazem questão de se comunicar com a
comunidade não-científica; em parte é dos governos, que raramente têm
uma política eficaz de promoção da ciência nas escolas; e em parte -e
essa é a parte que mais me interessa- é nossa, das humanidades, que
tomamos as ciências como um objeto estranho, alheio a tudo o que nos diz
respeito. A quase totalidade dos personagens de classe média da
literatura e do cinema brasileiro contemporâneos pertence ao mundo dos
artistas e intelectuais.

São jornalistas, escritores (geralmente em crise e com bloqueio),
professores (quase sempre de história, filosofia ou letras),
antropólogos, viajantes (à deriva), cineastas, atores, gente de TV ou
filósofos de botequim. Quando muito, um empresário aqui, um advogado
acolá. Para encontrar um engenheiro ou médico, é preciso voltar quase a
Machado de Assis. Cientistas são pouquíssimos, se bem que no momento não
me lembro de nenhum. (Os filmes de Jorge Duran são uma exceção, mas ele
nasceu no Chile.)

É como se, do lado de fora das disciplinas criativas, não houvesse
redenção. Em “Cidade de Deus”, o menino escapa do ciclo de violência
quando recebe uma máquina fotográfica e vira fotógrafo. Não parece
ocorrer a ninguém nem aos personagens, nem ao público a possibilidade
de ele virar biólogo, meteorologista ou mesmo técnico em ciência.

“Cidade de Deus” é uma narrativa realista, e portanto tende a preferir o
provável ao possível. Mas não é só isso. Nenhuma daquelas profissões
soaria suficientemente cool ao público -seria um anticlímax. Em nome da
eficácia narrativa, bem melhor ele virar artista. Eleição para a
Academia Brasileira de Letras dá página de jornal.

Já no caso da Academia Brasileira de Ciências, saindo da comunidade
científica, é improvável achar alguém que tenha pelo menos noção de onde
ela fica, que dirá saber o nome de algum acadêmico.

Há pouco tempo, escrevi o perfil de um jovem matemático carioca, Artur
Avila. Boa parte dos meus amigos alguns deles muito bem informados não
sabia da existência do Impa [Instituto Nacional de Matemática Pura e
Aplicada], sob vários aspectos a melhor instituição de ensino superior
do país (o número de artigos publicados em revistas de circulação
internacional de alto padrão científico, por exemplo, põe o Impa de par
em par com alguns dos grandes centros americanos de matemática, como
Chicago e Princeton).

DESCOLADOS Uma das minhas obsessões é folhear a revista dominical do
jornal “O Globo” . Existe ali uma seção na qual eles abordam jovens
descolados na saída da praia, de cinemas, lojas e livrarias, para
conferir o que andam vestindo. No pé da imagem, informa-se o nome e a
profissão da pessoa.

Um número recente trazia um designer, uma produtora de moda, um
estudante, uma dona de restaurante, um assistente de estilo, outra
designer, uma jornalista, uma publicitária, um “dramaturg” (estava assim
mesmo), uma estilista, outra estilista e alguém que exercia a misteriosa
profissão de “coordenadora de estilo”.

Acompanho essas páginas há um bom tempo, e estatisticamente o resultado
é assombroso. Conto nos dedos o número de engenheiros, médicos ou
biólogos que vi passar por ali. Eles não podem ser tão malvestidos
assim. De duas, uma: ou são relativamente poucos, ou a revista prefere
destacar as profissões que considera mais charmosas.

As duas alternativas são muito ruins, mas a segunda me incomoda
particularmente, pois sei por experiência como é poderosa a atração
exercida por algumas profissões com alto cachê simbólico.

Dou aula na PUC-Rio, no departamento de comunicação, que num passado
recente oferecia apenas cursos de jornalismo e publicidade. Durante
alguns anos, lecionei história do documentário para turmas de futuros
jornalistas. Em 2005 foi criada a especialização em cinema -e, hoje,
quase todos os meus trinta e poucos alunos são [sic] estudam cinema.

PESADELO Existem no Rio quatro universidades que oferecem cursos de
cinema; no Brasil, são ao todo 28, segundo o Cadastro da Educação
Superior do MEC. No ano passado, a PUC-Rio formou três físicos, dois
matemáticos e 27 bacharéis em cinema.

Existem 128 cursos superiores de moda no Brasil. Em 2008, segundo o Inep
[Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira], o país formou 1.114 físicos, 1.972 matemáticos e 2.066
modistas. Alimento o pesadelo de que, em alguns anos, os aviões não
decolarão, mas todos nós seremos muito elegantes.

É evidente que um país pode ter documentaristas demais e físicos de
menos. O Brasil já sofre uma carência de engenheiros. Segundo dados de
um relatório do Iedi [Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial] entregue ao ministro da Educação, Fernando Haddad, a taxa de
formação de engenheiros no Brasil é inferior à da China, da Índia e da
Rússia, países emergentes com os quais competimos.

A Rússia forma 190 mil engenheiros por ano, a Índia, 220 mil e a China,
650 mil, diz o relatório. Nós formamos 47 mil. Os números da China são
pouco confiáveis, mas outras comparações eliminam possíveis dúvidas. A
Coreia do Sul, por exemplo, com 50 milhões de habitantes, forma 80 mil
engenheiros por ano, 26% de todos os formandos.

Na China, a crer nas métricas, essa proporção chega a 40%. Em 2006, a
taxa por aqui era de apenas 8%. Até o México, país com indicadores
sociais semelhantes aos nossos, hoje possui 14% de seus formandos nessa
área.

ESTAGNAÇÃO Companhias que integram a “Fortune 500″, lista das maiores
empresas do mundo, mantêm 98 centros de pesquisa e desenvolvimento na
China e outros 63 na Índia. No Brasil aparentemente não é feita esta
contagem; se o número existe, consegui-lo é uma proeza, o que só
confirma a pouca importância atribuída ao assunto. O relatório do Iedi
mostrou que os gastos totais em pesquisa e desenvolvimento como
proporção do PIB estão estagnados no país. Há cinco anos não cresce o
número de empresas que investem em desenvolvimento.

Em 2009, apesar da crise, a Toyota sozinha registrou mais de mil
patentes. A soma de todas as patentes requeridas pelas empresas
brasileiras não chegou à metade disso, segundo a Anpei [Associação
Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras]. Somos
detentores de 0,3% das patentes do planeta. Em termos de inovação,
ocupamos o 24º lugar entre as nações. O país prospera à força de
consumo, não de investimento ou invenção.

Compramos coisas que foram pensadas lá longe, as quais serão brevemente
superadas por outras coisas que também não terão sido pensadas aqui. É
um processo estéril. Escritores, cineastas e editores de suplementos
dominicais se espantariam em saber que, na China, a proficiência em
matemática desfruta de uma forte valorização simbólica.

Na Índia, um jovem programador de software se sente no topo do mundo. Há
pouco tempo, o jornalista Thomas Friedman, do “New York Times”, publicou
uma coluna sobre os 40 finalistas de um concurso promovido pela empresa
de processadores Intel, que premia os melhores alunos de matemática e
ciências do ensino médio americano.

Cada um deles solucionou um problema científico. Eis o nome dos jovens
americanos premiados: Linda Zhou, Alice Wei Zhao, Lori Ying, Angela
Yu-Yun Yeung, Kevin Young Xu, Sunanda Sharma, Sarine Gayaneh Shahmirian,
Arjun Ranganath Puranik, Raman Venkat Nelakant -assim prossegue a lista,
até terminar com Yale Wang Fan, Yuval Yaacov Calev, Levent Alpoge, John
Vincenzo Capodilupo e Namrata Anand.

VALORIZAÇÃO PÍFIA Enquanto isso, como lembra o matemático César Camacho,
diretor do Impa, várias universidades brasileiras têm vagas abertas para
professores de matemática, não preenchidas por falta de candidatos. A
valorização das ciências entre nós é pífia. Sempre me espanto com a
presença cada vez maior de projetos sociais que levam dança, música,
teatro e cinema a lugares onde falta quase tudo.

Nenhuma objeção, mas é o caso de perguntar por que somente a arte teria
poderes civilizatórios. Ninguém pensa em levar a esses jovens um
telescópio ou um laboratório de química ou biologia? Centenas de
estudantes universitários gostariam de participar de iniciativas assim.
Com entusiasmo e um pró-labore, mostrariam que a ciência também é
legal e despertariam talentos. Seria bom também se o nosso sistema
educacional fosse mais flexível, com cadeiras de humanidades e iniciação
científica no ciclo básico de todos os cursos universitários.

É imprudente tomar uma decisão definitiva aos 18 anos de idade, mas é
exatamente o que têm de fazer os alunos ao entrar na universidade
-embora, como norma, eles não saibam para o que têm vocação. Uma vez
escolhido o escaninho, somem as oportunidades de conhecer outras áreas e
eventualmente migrar.

Se em algum momento a vocação se manifesta, em geral o aluno e sua
família consideram que é tarde. Circunstâncias econômicas ou
psicológicas começar de novo exige determinação férrea dificultam
muito um ajuste de rota. (Sei bem como é, porque foi o meu caso.) É
absolutamente certo que, neste momento, alguns milhares de jovens estão
prestes a cometer o mesmo equívoco.

Muitos se revelarão apenas medianos ou preguiçosos, e é provável que a
ciência não tenha como alcançá-los. Sem desmerecer os excelentes alunos
de cinema, letras ou sociologia, é impossível negar que, para alguém sem
grande talento ou dedicação, será sempre mais fácil ser medíocre num
curso de humanas do que num de exatas.

Alguns desses jovens sem orientação provavelmente terão inclinação para
as ciências e ainda não descobriram. É preciso criar mecanismos que os
ajudem a escolher o caminho certo. Infelizmente, as artes e as
humanidades, pelo menos por enquanto, não colaboram muito. Ao contrário.
Nós disputamos esses jovens e, infelizmente, até aqui estamos ganhando a
guerra."




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Eu concordo que as ciências exatas têm sido pouco valorizadas, e que principalmente na escola, são as disciplinas que recebem menos apreço dos alunos.
Mas acredito que na escola, as exatas são apenas um bode expiatório, pois a maioria dos alunos acha uma perda de tempo estudar qualquer coisa...

Digo isso porque trabalho com adolescentes e mesmo disciplinas como a de sociologia - que estão sendo inseridas no currículo agora - são encaradas com o mesmo desmerecimento que as aulas de matemática vem recebendo historicamente.

Por isso, acredito que o problema não está só na diferença de valorização das áreas, mas sim na valorização do estudo em si, da busca de conhecimento. As escolas - salvo algumas exceções - são muito boas em arrancar de toda criança o prazer de conhecer as coisas - e isso vale pra qualquer assunto.

Um dos problemas é o sistema de mão única de ensino onde os alunos só recebem a informação, que faz com que eles vão deixando morrer a vontade de questionar, contestar, criticar... enfim, saber mais.

De fato, não se estuda porque é bom saber como as coisas do mundo funcionam, se estuda por ser uma obrigação. Se estuda (ou melhor, se decora) para passar no vestibular e assim um dia ser alguém na vida (isso acontece bastante aqui em santa maria, por causa da UFSM). E futuramente, essa pessoa vai ser um profissional que só sabe aquilo que compete à sua área, pois só quer saber aquilo que precisa para ganhar um salário no fim do mês.

Considerando que estamos falando das carreiras acadêmicas, acho ainda que existe outro problema. A sociedade dá pouco valor para aquelas pessoas que resolvem querer fazer do estudo o seu trabalho... Pois parece ser muito bem estabelecido que quem estuda, não trabalha.

Desse modo, não tendo incentivo para estudar nem na área que se escolhe, quem dirá querer saber sobre outras..
E assim, lá se vai a possibilidade de diálogo.

E ainda existe mais uma questão que não permite que as pessoas façam escolhas mais conscientes e mais satisfatórias...
Não é permitido pensar nas infinitas possibilidades do que se pode ser – de fato, dentro dessas possibilidades, poderia estar uma carreira nas exatas – mas isso só será considerado se tal escolha tiver alguma garantia de um retorno financeiro minimamente razoável - como dito antes.

E pode ser só minha opinião, mas pelas minhas observações até hoje, tenho a impressão de que um filósofo tem tão pouca valorização social quanto um matemático, e mais ou menos por esse mesmo motivo.

Posso inclusive dar o meu exemplo, pois quando disse para o meu pai que queria fazer psicologia, a primeira pergunta que ele fez foi, obviamente, se psicólogos ganham bem. Na realidade, ganhar bem com a psicologia é relativo, mas na época eu disse que sim, e ele achou que estaria tudo bem.

Agora, dando um exemplo que se encaixaria mais dentro das exatas, se um adolescente diz pro seu pai que quer ser astronauta, é estupidamente óbvio que o pai não vai levar a sério. falo disso, pois já vi uma situação assim.

Perguntou-se a um grupo de adolescentes o que cada um queria ser, e um deles disse que queria ser astronauta. Ele foi levado a sério, e não se sabia até o momento qual o valor que essa atitude teria. Surpreso, o adolescente logo se justificou dizendo que era uma brincadeira, e riu da situação com os colegas. Então, ele foi questionado: “mas por que não?”. E a resposta foi algo como que seria absurdo.. ou algo assim. Ao fim do trabalho, perguntando-se o que os adolescentes haviam achado das discussões, esse mesmo aluno respondeu: “eu gostei, porque quando eu disse que queria ser astronauta, vocês não deram risada, e ainda perguntaram por que não”.

Então, acho que a saída está em permitir que nossas crianças e adolescentes desenvolvam a sua curiosidade, o gosto pela busca de conhecimento, o gosto por saber como as coisas funcionam... e que seja permitido também que eles tentem ser aquilo que desejam - seja na área das humanas, seja na área das exatas.

O importante é que nunca se fechem pra nenhuma possibilidade, nem pra nenhum assunto... Acho que assim, não teríamos só um equilíbrio numérico de profissões, mas também teríamos profissionais mais satisfeitos com suas vidas.

Pois o que observo é que as escolhas feitas pelos adolescentes de hoje são muito mal pensadas e apressadas, e feitas por todos os motivos errados...
E talvez seja por isso que temos mais estudantes de moda do que físicos, matemáticos e engenheiros...
_

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Que país é este?

Legião Urbana é a minha banda favorita.
Um dos motivos disso é que a maioria, se não todas as músicas deles, falaram sobre alguns assuntos que são relevantes até hoje.
Como por exemplo, a música "Que país é este?", que fala do Brasil, e da corrupção que já estava impregnada no modo de governo do nosso país naquela época...
E que, infelizmente, ainda está presente hoje em dia.

Para relembrar, aqui vai o clipe da música:





Pensando nisso, quero falar hoje sobre um projeto de lei de iniciativa popular que acho muito interessante. É o Projeto de Lei sobre a vida pregressa dos candidatos, da Campanha Ficha Limpa.

Aqui vai um trecho de um texto sobre a campanha e a lei, retirado do site do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral):


"A Campanha Ficha Limpa foi lançada em abril de 2008 com o objetivo de melhorar o perfil dos candidatos e candidatas a cargos eletivos do país. Para isso, foi elaborado um Projeto de Lei de iniciativa popular sobre a vida pregressa dos candidatos que pretende tornar mais rígidos os critérios de inelegibilidades, ou seja, de quem não pode se candidatar.
(...)

O Projeto de Lei de iniciativa popular sobre a vida pregressa dos candidatos pretende:
Aumentar as situações que impeçam o registro de uma candidatura, incluindo:
Pessoas condenadas em primeira ou única instância ou com denúncia recebida por um tribunal – no caso de políticos com foro privilegiado – em virtude de crimes graves como: racismo, homicídio, estupro, tráfico de drogas e desvio de verbas públicas.

Essas pessoas devem ser preventivamente afastadas das eleições ate que resolvam seus problemas com a Justiça Criminal; Parlamentares que renunciaram ao cargo para evitar abertura de processo por quebra de decoro ou por desrespeito à Constituição e fugir de possíveis punições;

Pessoas condenadas em representações por compra de votos ou uso eleitoral da máquina administrativa.
Estender o período que impede a candidatura, que passaria a ser de oito anos.
Tornar mais rápidos os processos judiciais sobre abuso de poder nas eleições, fazendo com que as decisões sejam executadas imediatamente, mesmo que ainda caibam recursos."

Fonte: MCCE - Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral
Disponível em: http://www.mcce.org.br/node/125

-
Nessa página, mais alguns links sobre a campanha e arquivos em pdf da lei:
http://www.mcce.org.br/node/15

Aqui, um vídeo sobre a campanha:
http://www.youtube.com/watch?v=Irs8X_h6REg&feature=player_embedded
-


Eu estaria muito inclinada a duvidar que essa campanha logre algum êxito, pois é de fato muito difícil acreditar que os representantes criminosos - que hoje em dia temos certeza que já somam a maioria - sancionem uma lei que acabe com a sua própria carreira.
(ver ao fim da postagem a charge do Maurício Ricardo a esse respeito)

E mesmo que isso venha a acontecer, pois eles podem pensar que apoiando a lei vão estar achando outro meio de nos fazer acreditar na sua benevolência (o que é bem provável que façam), eles podem muito bem encontrar modos de driblar a lei e continuar nos enganando, pois já tem um bom histórico pra isso...

No entanto, acho que essa atitude por parte da população significa algo muito bom, que é o fato de que não estamos mais fingindo que não vemos, ou tão acomodados com a situação que chegamos a acreditar que sempre foi assim e que assim sempre será.

Tudo bem que esse país é grande, e que fazer a população se unir e se movimentar em prol de algo se torna difícl às vezes... Mas o fato de a população ser numerosa deveria também significar que temos um poder muito grande.
E é isso que me faz querer apoiar essa iniciativa, pois talvez comecemos a criar a consciência de que temos força sim para mudar o cenário desse país.

Lembro agora da Elisa Lucinda, que escreveu o texto "Só de Sacanagem", texto que inclusive serviu de abertura para meu blog ainda no ano passado.
Ao fim do texto temos o seguinte:

"Dirão: 'É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal'. Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? Imortal! SEI QUE NÃO DÁ PARA MUDAR O COMEÇO MAS, SE A GENTE QUISER, VAI DAR PARA MUDAR O FINAL!"
(link para a postagem: http://coisasdavidabynick.blogspot.com/2009/01/s-de-sacanagem.html)

Talvez pareça um pouco estranho eu estar falando de política... mas talvez um pouco de Rousseau explique...:

"Entro na matéria sem provar a importância do meu tema. Perguntar-me-ão se sou príncipe ou legislador para escrever sobre política. Respondo que não e que é por isso que escrevo sobre a política. Se eu fosse príncipe ou legislador, não perderia meu tempo em dizer o que deve ser feito: eu faria, ou me calaria.
Nascido cidadão de um Estado livre (...) por menor influência que possa ter minha voz nas questões públicas, o direito de votar basta para impor-me o dever de instruir-me a respeito delas (...)."

[Rousseau, J. J., O Contrato Social. Porto Alegre: L&PM, 2008). Livro I, pág. 23.]


É por isso que essa iniciativa significa pra mim algo bom, pois a população está buscando uma maneira de dar mais relevância para seu voto, tentando garantir que existam candidatos minimanente dignos para que nosso voto tenha mais valor e melhores resultados para o nosso país.


Agora deixo vocês com a charge do Maurício Ricardo:



Fonte: Charges.com.br
Disponível em: http://charges.uol.com.br/2010/05/21/senadores-nao-vou-me-adaptar/

Um bom inicio de semana à todos!
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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Tobby entrevista - Raul Seixas




Fonte: Charges.com.br
Disponível em: http://charges.uol.com.br/2010/06/05/tobby-entrevista-raul-seixas/
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sábado, 5 de junho de 2010

Minha Casa

Explorando a minha biblioteca musical, encontrei essa música...
e resolvi compartilhar, pois gostei bastante.
O Zeca Baleiro realmente sabe fazer música boa...




É mais fácil
Cultuar os mortos
Que os vivos
Mais fácil viver
De sombras que de sóis
É mais fácil
Mimeografar o passado
Que imprimir o futuro...
Não quero ser triste
Como o poeta que envelhece
Lendo Maiakóvski
Na loja de conveniência
Não quero ser alegre
Como o cão que sai a passear
Com o seu dono alegre
Sob o sol de domingo...
Nem quero ser estanque
Como quem constrói estradas
E não anda
Quero no escuro
Como um cego tatear
Estrelas distraídas
Quero no escuro
Como um cego tatear
Estrelas distraídas...
Amoras silvestres
No passeio público
Amores secretos
Debaixo dos guarda-chuvas
Tempestades que não param
Pára-raios quem não tem
Mesmo que não venha o trem
Não posso parar
Tempestades que não param
Pára-raios quem não tem
Mesmo que não venha o trem
Não posso parar...
Veja o mundo passar
Como passa
Uma escola de samba
Que atravessa
Pergunto onde estão
Teus tamborins?
Pergunto onde estão
Teus tamborins?
Sentado na porta
De minha casa
A mesma e única casa
A casa onde eu sempre morei
A casa onde eu sempre morei
A casa onde eu sempre morei...

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*Postagens Populares*

Só de Sacanagem

"Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.

Até hábeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.

Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."

Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.

Eu repito, ouviram? Imortal! SEI QUE NÃO DÁ PARA MUDAR O COMEÇO MAS, SE A GENTE QUISER, VAI DAR PARA MUDAR O FINAL!"

[Elisa Lucinda]

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