sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Occupy Wall Street -> Occupying our minds

"Occupy Wall Street" [OWS] se tornou um estado de espírito, que está se espalhando pelo mundo.

É o que eu penso, assistindo e ouvindo acontecimentos no mundo todo, perto de mim e, também, diretamente comigo.

Digo por que.

Fui (tentar) viajar neste último feriadão do dia 15 de novembro. Digo "tentar" porque foi bem difícil  embarcar no ônibus que, à princípio, deveria ter saído às 21:25h. Era de se esperar, racionalmente, algum tipo de atraso, pelo fato de ser véspera de feriadão, na rodoviária de uma capital, de onde milhares de cidadãos estavam tentando sair - na mesma hora. Mas aconteceu que ônibus com horário marcado após as 21:25h chegavam, embarcavam e saíam, sem que o das 21:25h tivesse dado qualquer sinal de estar chegando. Além disso, os motoristas destes ônibus diziam que "estavam todos perdidos".

Eu e outra passageira, então, nos dirigimos a uma sala (supostamente) VIP, que pertencia à empresa do nosso ônibus e mais 3 outras empresas. Aí começou a peripécia. Não conseguimos informação ali. Não só as funcionárias não sabiam o que havia acontecido com o ônibus, como não sabiam sequer o nome do responsável da empresa. Nos mandaram então até o guichê onde compramos as passagens. Nada lá também. Só nos diziam que o ônibus estava chegando (o mesmo que estavam dizendo desde às 21:15h, sendo que já era +ou- umas 22:30h). Nos mandaram de volta à plataforma, onde deveriam estar duas pessoas lá - RESPONSÁVEIS - da empresa.

Já havia um moço ali no guichê, indignado, principalmente com o fato de ninguém do outro lado do balcão mostrar qualquer sinal de empatia com a situação dos passageiros, ainda nos mandando procurar a solução em outro lugar - justamente o lugar de onde estávamos vindo, onde não havia ninguém da empresa (porque mais estaríamos ali??).

Nesse meio tempo, apareceram outro moço e uma menina - vindos da plataforma, informando ao senhor que nos "atendia" que os passageiros deste tal ônibus problemático haviam se instalado, juntamente com suas malas, no espaço onde eram feitos os embarques. Ou seja, nenhum ônibus mais iria fazer embarques, enquanto o nosso não chegasse. Nem preciso dizer que isso causou uma confusão enorme na rodoviária, já que outros ônibus começaram a atrasar também, devido a essa nossa ocupação. Houveram várias tentativas dos funcionários para nos tirar dali, mas ninguém se mexeu, inclusive ocupando outro box, que estava sendo utilizado pelas empresas da sala VIP mencionada. Alguém então gritou: "se vocês não saírem, vamos chamar a polícia!". Sabem qual foi a resposta? Pode chamar. Gostaríamos muito que alguém resolvesse essa situação. Afinal, nós estávamos com a razão.  

Placa do movimento OWS
A primeira falha dessa empresa foi não ter disponível um ônibus extra  para o caso de algum ônibus estragar (algumas empresas fazem isso, colocam todos os ônibus para viajar, para lucrar mais quando chega uma época de grande movimento - como um feriadão, por exemplo). A consequência disso é que, se um ônibus, de fato, estraga, não há o que fazer a não ser esperar que este ônibus seja concertado. A segunda falha foi a total desconsideração e falta de respeito com os passageiros deste ônibus, que não foram informados do que estava acontecendo e foram simplesmente abandonados a esperar um ônibus que ninguém sabia se iria chegar ou não.

A atitude correta da empresa seria, primeiro, ter um ônibus extra.. Segundo, dirigir-se aos passageiros dizendo: "Senhores passageiros do ônibus X, com saída prevista para as 21:25h, o referido ônibus teve problemas, os quais estamos tentando resolver e, dentro de tanto tempo, esperamos efetuar o seu embarque. Favor aguardem em tal lugar" (a sala VIP então serviria, quem sabe, para alguma coisa)".

Enfim, depois de muito tumulto e muito cansaço, o nosso ônibus finalmente apareceu. À meia-noite.

Ah! E nenhuma das pessoas da empresa, que deveriam estar na plataforma, apareceram. Pelo menos em todo o tempo em que estávamos ali.

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Peço desculpas pela história longa, mas achei que deveria compartilhar a experiencia, como ela ocorreu.

Durante a nossa pequena "ocupação" e depois também, conversando com alguns passageiros - todos jovens, na faixa dos 20, 30 - ouvi um passageiro dizer que viaja há muito tempo, e já viu muitas situações assim acontecerem, inclusive com ele, mas que nunca ninguém se movimentava, se organizava e protestava, da forma como fizemos aquele dia, para reivindicar alguma solução.

E eu acredito que isso só aconteceu pelo espírito do movimento OWS, que se espalha pelo mundo, inspirando pessoas de todos os lugares e em diversas situações.

Placa do OWS

As pessoas não querem mais ficar caladas diante daquilo que está - de forma clara e cristalina - errado. As pessoas estão tomando consciência do poder da maioria, do poder que temos se juntarmos as forças para lutarmos por aquilo que achamos mais correto, mais adequado para nós.

Eu aplaudo o movimento OWS, pela coragem, determinação, clareza de organização. Sei que este movimento se inspirou em outros eventos ocorridos anteriormente, na Espanha, além dos eventos ocorridos nos países Árabes, também.

Mas a repercussão mundial se deve ao OWS. A força de perpetuação das idéias, também.
A clareza com que os manifestantes enxergam os meios corretos de agir, de expôr as idéias - SEM VIOLÊNCIA, não cansam de repetir - também.

Vejo as notícias de cada região, país, estado, fazendo o seu próprio "Occupy...", e torço para que as pessoas mantenham a clareza dos meios, já que os objetivos variam de acordo com as necessidades de cada grupo.

O MOVIMENTO OCCUPY WALL STREET INSPIRA AS PESSOAS A MANIFESTAREM AS SUAS INSATISFAÇÕES - MAS COM ARGUMENTAÇÃO BEM FUNDAMENTADA E SEM VIOLÊNCIA ALGUMA - Esta é a sua mensagem principal.


Espero que esse espírito se perpetue e permaneça nas pessoas. Que se torne uma postura através da qual as pessoas reivindiquem aquelas coisas que são NECESSÁRIAS A TODOS, mas que no caminho torcido seguido pela humanidade até agora, tem estado disponível apenas para poucos.



Nicole Nothen de Oliveira

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Só de Sacanagem

"Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.

Até hábeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.

Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."

Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.

Eu repito, ouviram? Imortal! SEI QUE NÃO DÁ PARA MUDAR O COMEÇO MAS, SE A GENTE QUISER, VAI DAR PARA MUDAR O FINAL!"

[Elisa Lucinda]

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