"Nas sociedades pré-modernas, espaço e tempo coincidem amplamente, na medida em que as dimensões espaciais da vida social são, para a maioria da população, e para quase todos os efeitos, dominadas pela "presença" — por atividades localizadas. O advento da modernidade arranca crescentemente o espaço do tempo fomentando relações entre outros "ausentes", localmente distantes de qualquer situação dada ou interação face a face. Em condições de modernidade, o lugar se torna cada vez mais fantasmagórico: isto, os locais são completamente penetrados e moldados em termos de influências sociais bem distantes deles."
[Trecho do livro "As consequências da modernidade", de Anthony Giddens]
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Estou lendo sobre a modernidade - e vivendo em um mundo pós-moderno, talvez.
Na verdade, é difícil caracterizar o mundo em que vivemos atualmente.
Tudo o que eu sei, é que a globalização parece ter tornado o mundo menor, uma vez que as relações não são mais limitadas pela condição da presença. E muito se pode fazer sem que se saia de casa.
O que isso quer dizer?
Não sei.
Talvez o advento da modernidade / pós-modernidade seja como uma luz que cega, pelo seu brilho intenso...
Todos ficamos maravilhados com os ditos "avanços" em muitas âmbitos da vida humana.
Mas um aspecto - para mim, muito importante - dessa vida está ficando para trás: o contato real entre as pessoas.
Numa postagem anterior, o texto falava sobre as redes sociais, que simulam uma interação... Sim, porque as pessoas passam o dia se "relacionando" com todos os seus amigos virtualmente, e isso é visto como algo bom.
Mas será mesmo que isso substitui a relação face-a-face? Isso é um progresso na nossa forma de contato humano?
Fico com Lulu Santos...
As gerações seguintes talvez se questionem mesmo sobre o "jeito que a gente arrumou pra não deixar de se amar"... e de se relacionar.
Pois meu medo é que acabemos como aquelas pessoas no filme do Wall-e, todos sentados confortavelmente em nossas cadeiras, acreditando que estamos vivendo - em uma simulação de vida, talvez.
Viver requer esforço.
Se relacionar requer sair do seu conforto e ir até as pessoas, ir ao encontro da vida.
"Dizer mais sim do que não", à vida real.
Tempos Modernos
[Lulu Santos]
Eu vejo a vida Melhor no futuro Eu vejo isso Por cima de um muro De hipocrisia Que insiste Em nos rodear...
Eu vejo a vida Mais clara e farta Repleta de toda Satisfação Que se tem direito Do firmamento ao chão...
Eu quero crer No amor numa boa Que isso valha Pra qualquer pessoa Que realizar, a força Que tem uma paixão...
Eu vejo um novo Começo de era De gente fina Elegante e sincera Com habilidade Pra dizer mais sim Do que não, não, não...
Hoje o tempo voa amor Escorre pelas mãos Mesmo sem se sentir Não há tempo Que volte amor Vamos viver tudo Que há pra viver Vamos nos permitir...
Contatos
[Lulu Santos]
Mergulhados em um sofá Os contatos no telão Navegando a bolha que é estarmos juntos
Você disse tanta besteira hilária Que encheria um gibi Eu lhe aumentei os sustos Já vi esse filme, mas me esqueci Como é bom
Mesmo após um dia intenso Não devemos desencostar Vai que por acaso falte o equilíbrio
Imagine que no futuro as pessoas Vão ler sobre nós E vão se admirar do jeito que a gente arrumou Pra não deixar de se amar
If God Had a Name What Would It Be? And Would You Call It to His Face? If You Were Faced With Him in All His Glory What Would You Ask If You...
Só de Sacanagem
"Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até hábeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."
Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? Imortal! SEI QUE NÃO DÁ PARA MUDAR O COMEÇO MAS, SE A GENTE QUISER, VAI DAR PARA MUDAR O FINAL!"
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