sábado, 3 de setembro de 2011

Tempos modernos

"Nas sociedades pré-modernas, espaço e tempo coincidem amplamente, na medida em que as dimensões espaciais da vida social são, para a maioria da população, e para quase todos os efeitos, dominadas pela "presença" — por atividades localizadas. O advento da modernidade arranca crescentemente o espaço do tempo fomentando relações entre outros "ausentes", localmente distantes de qualquer situação dada ou interação face a face. Em condições de modernidade, o lugar se torna cada vez mais fantasmagórico: isto, os locais são completamente penetrados e moldados em termos de influências sociais bem distantes deles."

[Trecho do livro "As consequências da modernidade", de Anthony Giddens]

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Estou lendo sobre a modernidade - e vivendo em um mundo pós-moderno, talvez.
Na verdade, é difícil caracterizar o mundo em que vivemos atualmente.
Tudo o que eu sei, é que a globalização parece ter tornado o mundo menor, uma vez que as relações não são mais limitadas pela condição da presença. E muito se pode fazer sem que se saia de casa.
O que isso quer dizer?
Não sei.
Talvez o advento da modernidade / pós-modernidade seja como uma luz que cega, pelo seu brilho intenso...
Todos ficamos maravilhados com os ditos "avanços" em muitas âmbitos da vida humana.
Mas um aspecto - para mim, muito importante - dessa vida está ficando para trás: o contato real entre as pessoas.
Numa postagem anterior, o texto falava sobre as redes sociais, que simulam uma interação... Sim, porque as pessoas passam o dia se "relacionando" com todos os seus amigos virtualmente, e isso é visto como algo bom.
Mas será mesmo que isso substitui a relação face-a-face? Isso é um progresso na nossa forma de contato humano?

Fico com Lulu Santos...

As gerações seguintes talvez se questionem mesmo sobre o "jeito que a gente arrumou pra não deixar de se amar"... e de se relacionar.

Pois meu medo é que acabemos como aquelas pessoas no filme do Wall-e, todos sentados confortavelmente em nossas cadeiras, acreditando que estamos vivendo - em uma simulação de vida, talvez.

Viver requer esforço.
Se relacionar requer sair do seu conforto e ir até as pessoas, ir ao encontro da vida.

"Dizer mais sim do que não", à vida real.


Tempos Modernos
[Lulu Santos]

Eu vejo a vida
Melhor no futuro
Eu vejo isso
Por cima de um muro
De hipocrisia
Que insiste
Em nos rodear...

Eu vejo a vida
Mais clara e farta
Repleta de toda
Satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão...

Eu quero crer
No amor numa boa
Que isso valha
Pra qualquer pessoa
Que realizar, a força
Que tem uma paixão...

Eu vejo um novo
Começo de era
De gente fina
Elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim
Do que não, não, não...

Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há pra viver
Vamos nos permitir...



Contatos
[Lulu Santos]

Mergulhados em um sofá
Os contatos no telão
Navegando a bolha que é estarmos juntos

Você disse tanta besteira hilária
Que encheria um gibi
Eu lhe aumentei os sustos
Já vi esse filme, mas me esqueci
Como é bom

Mesmo após um dia intenso
Não devemos desencostar
Vai que por acaso falte o equilíbrio

Imagine que no futuro as pessoas
Vão ler sobre nós
E vão se admirar do jeito que a gente arrumou
Pra não deixar de se amar
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Só de Sacanagem

"Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.

Até hábeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.

Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."

Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.

Eu repito, ouviram? Imortal! SEI QUE NÃO DÁ PARA MUDAR O COMEÇO MAS, SE A GENTE QUISER, VAI DAR PARA MUDAR O FINAL!"

[Elisa Lucinda]

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