quarta-feira, 7 de abril de 2010

Desamparo + Descuido

Sobre as recentes chuvas no estado do Rio de janeiro, volto a lembrar do nosso quase total desamparo frente às forças da natureza. Para isso, vou colar aqui uma postagem minha de outro blog...

Mas, antes, quero acrescentar uma nota sobre o descuido.

Ouvindo uma notícia hoje sobre os temporais no RJ, o repórter falava do motivo pelo qual aconteciam as enchentes. Ele falou que um fator que influencia é o fato de a água não ter por onde se infiltrar ou escoar, por causa das ruas serem asfaltadas em sua maioria. Então, isso seria uma falha no planejamento, digamos assim.. que não leva em consideração que um dia vai cair água e que essa água vai ter que ir pra algum lugar, e se ela não tiver lugar pra ir, vai entrar nas casas das pessoas. Não é mesmo?

O outro fator é mais interessante ainda. Pelo menos pra mim, que tenho um certo trânsito no assunto meio ambiente. O outro fator é o lixo.
Sabe aqueles papeís, latinhas, pacotinhos de bolacha que jogamos em qualquer lugar da rua que não seja a lixeira? Pois é. Esse lixo vai parar no único lugar por onde a chuva poderia ter uma chance de escoar: o bueiro.

E juntando tudo isso... dá-se o caos que presenciamos no momento.

Agora vou colocar aqui uma postagem minha de outro blog, mas que vem a calhar agora:


"O Futuro de uma Ilusão"

O trecho que segue faz parte de um texto de Freud chamado "O futuro de uma ilusão". Longe de querer adentrar na discussão da religião, que é o assunto de que Freud se ocupa no texto, a minha atenção foi dirigida para o que o autor falou a respeito da natureza.
Li este texto hoje, e não pude deixar de pensar nos eventos - inundações, terremotos, tempestades de proporções gigantescas que vêm causando devastações cada vez maiores - que nos lembram exatamente o que Freud fala neste fragmento, ou seja, que estamos a mercê da natureza, não importa o quanto lutemos contra isso e o quanto isso nos pareça aterrorizante.
Quando penso na crise ambiental - que por nós aqui é entendida como socioambiental - penso que é uma ilusão pensarmos que, ao economizar água, reciclar, e fazer todas aquelas coisas que os ambientalistas recomendam, nós estamos salvando o mundo. Não. Nós estamos tentando salvar a nossa espécie. É a raça humana que está em perigo. Pois o mundo, ou melhor, a natureza, vai achar um jeito de reencontrar o seu equilíbrio. E se isso tiver que acontecer às custas da extinção da humanidade, assim será. Outras espécies já viveram aqui e se foram pois não era mais viável sua existência no mundo - e o homem continua acreditando que com ele será diferente. Bom, até poderá ser. Mas só se ele tiver consciência de que é a vida dele que está em perigo - e não a da árvore que dizem que temos que abraçar - e começar a se mexer, AGORA, JÁ.

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"Mas quão ingrato, quão insensato, no fim das contas, é esforçar-se pela abolição da civilização! O que então restaria seria um estado de natureza, muito mais difícil de suportar. É verdade que a natureza não exigiria de nós quaisquer restrições dos instintos, deixar-nos-ia proceder como bem quiséssemos; contudo, ela possui seu próprio método, particularmente eficiente, de nos coibir. Ela nos destrói, fria, cruel e incansavelmente, segundo nos parece, e, possivelmente, através das próprias coisas que ocasionaram nossa satisfação. Foi precisamente por causa dos perigos com que a natureza nos ameaça que nos reunimos e criamos a civilização, a qual também, entre outras coisas, se destina a tornar possível nossa vida comunal, pois a principal missão da civilização, sua raison d’être real, é nos defender contra a natureza.
Todos sabemos que, de diversas maneiras, a civilização já faz isso bastante bem, e é claro que, na medida em que o tempo passa, o fará muito melhor. Ninguém, no entanto, alimenta a ilusão de que a natureza já foi vencida, e poucos se atrevem a ter esperanças de que um dia ela se submeta inteiramente ao homem. Há os elementos, que parecem escarnecer de qualquer controle humano; a terra, que treme, se escancara e sepulta toda a vida humana e suas obras; a água, que inunda e afoga tudo num torvelinho; as tempestades, que arrastam tudo o que se lhes antepõe; as doenças, que só recentemente identificamos como sendo ataques oriundos de outros organismos, e, finalmente, o penoso enigma da morte, contra o qual remédio algum foi encontrado e provavelmente nunca será. É com essas forças que a natureza se ergue contra nós, majestosa, cruel e inexorável; uma vez mais nos traz à mente nossa fraqueza e desamparo, de que pensávamos ter fugido através do trabalho de civilização. Uma das poucas impressões gratificantes e exaltantes que a humanidade pode oferecer, ocorre quando, em face de uma catástrofe elementar, esquece as discordâncias de sua civilização, todas as suas dificuldades e animosidades internas, e se lembra da grande tarefa comum de se preservar contra o poder superior da natureza."

[O Futuro de uma Ilusão - S. Freud]


Fonte: Blog do LAPSI-UFSM
disponível em: http://lapsiufsm.blogspot.com/2009/06/o-futuro-de-uma-ilusao.html


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Uma charge, pra quebrar o gelo...





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E aqui, uma notícia do G1 sobre as chuvas no RJ:



Veja frases sobre o caos provocado pela chuva no Rio de Janeiro

Chuva forte provocou mortes e caos no Rio.
'Não saiam de casa', recomendou o prefeito Eduardo Paes.

Do G1, em São Paulo

As chuvas fortes que atingem o Rio de Janeiro desde a tarde da segunda-feira (5) provocaram mortes e causaram enchentes e deslizamentos na capital e no interior. O caos é tamanho que o prefeito Eduardo Paes recomentou aos cariocas que não deixem suas casas nesta terça-feira (6). Confira abaixo algumas frases ditas sobre o caos.

Chuva gera caos no Rio: acompanhe

“As águas atingiram 3 metros de altura por causa desse rio que passa aqui perto, o rio Alcântara. Se faltou um metro para atingir a minha casa de cima foi muito. A água cobriu a portaria, salão de festas, tudo o que é térreo ficou coberto. Agora depois da enchente eu passei na casa de cima. Se eu estivesse lá embaixo eu morreria, porque desta vez a água atingiu o teto", técnica em enfermagem aposentada Dalmair dos Santos Lima.

"Foi horrível, ninguem dormiu um segundo, todo mundo ajudando os vizinhos”, doméstica Regina Fátima Rodrigues.

“Dei sorte porque estava estudando, quando vi a água entrando pela janela da sala, acordei minha mulher, mas já não tinha como sair de casa. Fui salvo pelo vizinho de cima, que me puxou pela janela dos fundos. Perdi tudo o que tinha em casa”, professor universitario Jorge Luis Alves.

“Tem uma casa na parte de cima da rua, no morro, e a parte do muro de contenção dessa casa desceu com muita terra. E esse carro estava atolado numa outra avalanche que tinha tido um pouco antes. Com a pressão das pedras, o carro foi empurrado para dentro da minha casa. O carro ficou muito danificado. A gente conseguiu tirar de dentro do carro a criança e a mãe, mas o pai está no carro até agora”, iatista Torben Grael.

“Esse buraco é reincidente, quando chove um pouco ele volta a abrir. Ele já abriu um milhão de vezes. Já aconteceram acidentes com carros, até ônibus. Não é a primeira vez que eu vejo um moto cair ali dentro”, leitor do G1 Danilo de Sousa Aguiar Bittencourt.

"Só consegui sair de casa quando meu pai empurrou a porta que já estava cheia de lama. Não conseguimos sair pela janela. Foi a coisa mais assustadora quando vi a casa que morava há vinte anos caindo”, operador de telemarketing Joabes Araújo da Silva.

“O primeiro andar ficou todo com uns 50 cm de água, chegou no segundo degrau da escada que vai para o segundo andar, onde eu trabalho. Quando eu abri a porta da sala dele, a água entrou numa enxurrada, igual uma cachoeira. Veio junto com mato, lixo, peixe”, estudante Jéssica Cristine Tavares.

"É preciso que os administradores públicos desse país levem em conta de que não é possível mais permitir que as pessoas ocupem áreas inadequadas para morar. É preciso antever isso", presidente Lula.

“Eu peço para essas pessoas se retirarem. É uma loucura, é uma irresponsabilidade permanecer nesse momento. (...) Essas pessoas estão cometendo quase que um suicídio”, governador Sérgio Cabral.

"É uma sensação de impotência, porque você não consegue chegar em casa, que é uma coisa tão natural”, estudante de biologia Lílian Heeren Raschle.

“Tentei ir pra casa à noite, fiquei mais de uma hora no ponto, hoje acordei cedo e estou até agora tentando voltar”, atendente de telemarketing Roberta Dias.

“Nós temos um deque onde param os barcos para o transporte até a rua e a lagoa subiu tanto que não dá para ver mais o deque. Não tem mais como os barcos chegarem. Tem um monte de gente tirando água de dentro de casa com um balde. Estamos receosos porque ninguém nunca viu isso aqui dessa forma”, ourives Juan Ferraz Ferreira.

"A gente entra em pânico, porque a água vai só subindo e você não sabe pra onde ir, está tudo cheio”, moradora do Rio.

“Estou parado há mais ou menos umas três horas. Dentro do carro, estou com água na canela", motorista em alagamento na madrugada.

“Estou tentando voltar para casa desde as 22h de ontem. Já passam das 4h e eu estou aqui tentando não mais voltar para casa, mas voltar para o trabalho novamente”, morador do Rio.

“Nosso apelo é para que as pessoas permaneçam em casa, não saiam de casa, não levem seus filhos ao colégio. Todas as vias importantes da cidade estão interrompidas por alagamentos. É um risco enorme para qualquer pessoa tentar atravessar esses alagamentos”, prefeito Eduardo Paes.

“Se você mora no Rio: fique em casa. Escolas cancelaram aulas. A defesa civil precisa que as ruas estejam livres de carros. Poesia nenhuma nas águas de Março que fecham tardiamente o verão na Cidade Maravilhosa”, jornalista William Bonner.

"Não me recordo de ter visto o Rio nesta situação. Era muito difícil, durante a madrugada, de se locomover", repórter Bette Lucchese.


Fonte: G1
disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL1558575-5606,00-VEJA+FRASES+SOBRE+O+CAOS+PROVOCADO+PELA+CHUVA+NO+RIO+DE+JANEIRO.html

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Um comentário:

  1. Realmente nosso quase descaso gera um quase total caos, deixando as pessoas quase sempre duvidosas sobre o futuro.... Seu blog é muito bom! Te descobri nos livros em comum... cartas a um jovem poeta!

    Depois dá uma olhada no meu blog se quiser comente alguma coisa, se quiser não comente!


    Peace.

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Só de Sacanagem

"Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.

Até hábeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.

Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."

Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.

Eu repito, ouviram? Imortal! SEI QUE NÃO DÁ PARA MUDAR O COMEÇO MAS, SE A GENTE QUISER, VAI DAR PARA MUDAR O FINAL!"

[Elisa Lucinda]

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